Crise. Uma chance da empresa crescer, do trabalho individual aparecer, de mostrar quão forte é a sua marca. Também serve como desculpa para dispensar alguns funcionários, para aterrorizar outros ("se você não pode fazer, tem outros que podem"). E nessa sobrecarga de tarefas, será que é possível manter a qualidade, tanto do serviço quanto de vida, dos trabalhadores?
Conversando com uma amiga, contratada por uma grande empresa para cuidar da parte nutricional dos funcionários, ela disse que, com a de missão de alguns funcionários, chegou uma hora que ela fazia até a faxina no local de trabalho.
Desabafando, um colega de trabalho disse que não aguentava mais o programa de trainee, pois não estava tendo tempo nem para realizar o trabalho corretamente, nem para fazer os programas desse treinamento, nem para ter uma vida social ou para cuidar de si mesmo.
Outra colega, também trainee, relatava que não podia, apesar de querer, desistir do treinamento, pois tinha medo que isso levasse a empresa a crer que ela não tinha confições de enfrentar desafios.
No rádio, uma jovem comenta com uma orientadora profissional sobre como o trabalho estava prejudicando a qualidade de vida, e o que ela podia fazer: desistir da oportunidade e ir mais devagar, pois ainda é jovem, ou aguentar firme e agarrar a oportunidade com unhas e dentes.
No jornal, um mestre budista avisa sobre os perigos da pressa de se conseguir as coisas de modo muito rápido. Só o tempo pode fazer de uma árvore uma viga forte para sustentar grandes pressões.
Olhando tudo isso e também as coisas que ocorrem ao meu redor, posso perguntar e refletir sobre minha própria vida e os rumos que ela toma a cada dia, com cada decisão, com cada pensamento. Sim, enfrentar desafios no trabalho engrandecem nossa capacidade de lidar com situações difíceis. Conseguir resultados imediatos podem mostrar nosso trabalho. Agarrar oportunidades fazem pessoas. Porém, tudo isso tem preço, tudo isso tem o lado positivo, o lado negativo também.
Durante a faculdade, eu tive as opções de ou terminar o curso rapidamente ou viajar para o exterior e ficar um tempo enfrentando outras realidades. Optei por viajar e digo que valeu a pena, apesar de ter adiado minha formatura. Algumas vezes, mesmo cansado, eu decido sair com amigos, e tenho bons momentos, pois sei que esses momentos podem nunca mais ocorrer. E algumas vezes, no trabalho, sei que preciso ficar até após o expediente, pois é preferível terminar aquilo no dia do que deixá-la para o dia seguinte. Não é preciso mergulhar totalmente em seu trabalho, uma folga para relaxar sempre é bem vindo e necessário para o corpo se recuperar, a mente descansar, ter outras visões. Por isso, equilibre bem as coisas, dê prioridades para alguns casos, especialmente à sua saúde.
Lembre-se de que você pode se matar pela empresa, mas será que a empresa se mataria por você?
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