Chuva de pestes
Chuva de pestes acabaram com a plantação
Mas tudo bem, recomeçaremos na nova época,
Sem sementes nem motivação.
O sol acima de nós a arder sem trégua
Num céu sem nuvens e rios sem água,
Queimando nossas almas, nossas vidas
E esperanças.
Vivemos então tão mortos aqui
O que dirão além dos sete palmos abaixo daqui?
A família é grande
E tudo é pobre
E só as meninas são ricas:
Miséria e Fome,
Doença e Seca,
Brincam tão alegres em toda parte
Enquanto um menino é enterrado,
Enrolado em um pano.
Menino tão magro, menino sem nome,
Criança sem mundo,
Anjos novos no céu.
Não é só hoje,
Foi ontem e será amanhã,
Mas tudo um dia passa,
Um dia vai terminar.
E até lá não vou mais estar aqui.
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