Dia a Dia
Você veio a mim por necessidade
E ficou em meu interior.
Seria seu servo na cidade
Mas nunca o escudo contra seu temor.
Jogo-a para os lados,
Para frente e para trás,
E, mesmo se machucando,
Não cessa em me buscar
Em sedenta ansiedade
De em seu lar descansar.
Às vezes vou rápido,
Às vezes vou lento,
Sou sempre seu tormento
Esmagando o seu peito.
Entregue-me todo seu dinheiro,
Isso é o meu alimento,
Sou seu carcereiro,
Sempre vou torturá-la no movimento
De lá para cá,
Para frente e para trás.
Sofra nas minhas mãos, sofra.
Jamais conseguirá livrar-se de mim.
Para deixar-me, você precisa de dinheiro.
Dinheiro, você não tem o suficiente.
Deixo-a perto de sua casa, cansada,
Mas sei que, quando eu passar,
Amanhã e depois,
Você apressará sua passada
Para me alcançar e me pegar,
Pois sou em sua vida necessário,
Sou o ônibus terrivelmente lotado.
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